30 de setembro de 2007

Botões de Flores

Dá-me.
Dança através da música.
Grita.
Ri.
Sincera sensação de néctar.
Respira e conjuga as mãos com movimento trivial.
Bebe as lágrimas, lágrimas e olhos.
Olhos vazios.
Absorve a lua.
A trivialidade do segredo está bem guardada, quando tanto corre.
Que sentes ao coordenar o desengano do ocaso?
As perguntas nunca se acabam, são como caras fundidas pelo desvanecer.
Os silêncios perfeitos dentro da chuva, como se pudessem entender placidamente ao olhar-se, como se não tivessem nada que esconder e todo o resto esperando que alguma coisa aconteça.
E acontece, acontece que de vez em quando algo estala, e a carne foge à atenção, acontece que as paredes se tornam infinitas e a dor sorri.
Acontece que as cores se filtram e desejam ser tapadas.
Acontece que se esquece, que o terror fomenta, que a dor engana, e os sonhos quebram.
Acontece que não há rasto de beleza dentro de toda a paciência.
E os extremos questionados, doídos, são mais doces do que dar a vida pela causa.
Que causa?
Tu que és morno, que causa?
A causa que te move a sentir, amar, correr, lutar, odiar, perder, fracassar, causa que não vais deixar de ser, sem assumir.
A causa do amor e das flores.
Dos amantes cegos pela luz das luzes.
Os odores mundanos criados em solos clandestinos, fortes madrugadas e ilusões de vitória.
A ambivalência, a inquietude, inquietude que parte do egocentrismo impluto de tristeza.
E assim vamos, ressentindo, resignando, apagando.
Deixando.
Deixando-nos.
E assim rio, perdendo, chorando.
E assim escuto.
Meus olhos e o sol.
A chuva
O vento
A cor
A tua boca
O espanto
O emblema que me acompanha como sombra pedante
E vou
Levo-te não por poder
Levo-te não para que me leves
Levo-te, porque creio
Levo-te, porque sonho e sinto
Porque amo
Amo viver
Obviamente muitos perferem...
Que não te pareça estúpido, meu amigo
Pássaros livres de espanto
Sentimento de conexão, na maneira de florescer.

Ryan Adams - Desire




Two hearts fading, like a flower.
And all this waiting, for the power.
For some answer, to this fire.
Sinking slowly. The water’s higher.
Desire

With no secrets. No obsession.
This time I'm speeding with no direction.
Without a reason. What is this fire?
Burning slowly. My one and only.
Desire

You know me. You don't mind waiting.
You just can't show me, but God I'm praying,
That you'll find me, and that you'll see me,
That you run and never tire.

23 de setembro de 2007

O Jogo da Adrenalina

Que há na existência destes beijos????

Murmúrios inaudíveis, provenientes da alma, obrigam-me a colocar este fragmento do genial Cortázar, cada verso gira na minha cabeça, nas noites em que tenho tempo de meditar... deixo de atormentá-los, e posteio imediatamente este capítulo mais que excelente... (ansiando que o aprecies e interrogando-me que há de verdade na existência de beijos tão mágicos).

"...Toco tu boca, con un dedo toco el borde de tu boca, voy dibujándola, como si saliera de mi mano,como si por primera vez tu boca se entreabriera, y me basta cerrar los ojos para deshacerlo todo y recomenzar....
Hago nacer cada vez la boca que deseo, la boca que mi mano elige y te dibuja en la cara, una boca elegida entre todas, con soberana libertad elegida por mí , para dibujarla con mi mano en tu cara , y que por un azar que no busco comprender,coincide exactamente con tu boca, que sonríe por debajo de la
mano que te dibuja.
Me miras, de cerca me miras, cada vez más de cerca y entonces jugamos al cíclope, nos miramos cada vez más de cerca y los ojos se agrandan, se acercan entre sí, se superponen y los cíclopes se miran respirando confundidos , las bocas se encuentran y luchan tibiamente. mordiéndose con los labios, apoyándose apenas la lengua en los dientes, jugando en sus recintos donde un aire pesado va y viene con un perfume viejo y silencioso. Entonces mis manos buscan hundirse en tu pelo, acariciar lentamente la profundidad de tu pelo, mientras nos besamos como si tuviéramos la boca llena de flores o peces, de movimientos vivos, de fragancia oscura.
Y si nos mordemos el dolor es dulce, y si nos ahogamos en un breve y terrible absorber simultáneo del aliento, esa instantánea muerte es bella.
Y hay una sola saliva, y un sólo sabor a fruta madura, y yo te siento temblar contra mí, como una luna
en el agua..."

(Capítulo 7, "Rayuela")
Cortázar

15 de setembro de 2007

Letra...Música....nas Canções

O tempo é uma coluna de diferentes micras que vai peneirando ensinamentos e informações; chegamos a dado momento e os diamantes que luzem no centro da nossa vida tornam-se visíveis como estrelas, eternos, tacteáveis, reflugindo, duros e inactos, entre os nossos dedos. Chamamos a isto maturidade ainda que seja só um rótulo, tão prático como enganador (nada engana tanto quanto o pragmatismo): há pessoas que, muitos anos que vivam, não aprendem nada, outras que parecem ter nascido sábias. Entre estes dois extremos o comum dos mortais vai aprendendo por tentativa e erro, com mais ou menos feridas; a certeza que tenho é que para descobrirmos o núcleo duro, brilhante, da nossa vida, precisamos de aprender a desligar as nossas baterias da tomada da "actualidade" organizada pelos outros. Durante anos a minha tendência para a dessincronização preocupava-me: pura e simplesmente, eu, que me interesso por quase tudo, não conseguia interessar-me por nada que interessasse a toda a gente ao mesmo tempo. Demorei um certo tempo a ler "A Insustentável Leveza do Ser", de Milan Kundera, porque ninguém me mandava ler. Quando finalmente o li quis partilhar todo o meu entusiasmo com os amigos, já não se lembravam dos pormenores, por simpatia e caridade tive uns "hum, hum". Isto tornou-me um pouco mais tolerante para com as modas - agora procuro averiguar do que se trata.
Mas a verdade é que, desde que comecei a reconhecer a minha pequena colecção de diamantes, o anacronismo deixou de me preocupar. Há décadas que procuro esclarecer e aprofundar ideias, leio livros, converso sobre temas. Mas a súbita enxurrada de reportagens, debates e ensaios sobre os temas causam-me uma vertigem de fuga: por favor deêm uma caipirinha e levem-me para o Brasil. Confesso que a pompa e circunstância ajudam ao meu fastio. Alguém dizia "olhem eu é mais canções". Do que gostava era mesmo de canções. Eu pensava que para se ser intelectual respeitado tinha de se ouvir Bach, Mozart e Bela Bartok, no mínimo. Convencida de que as canções passavam com a juventuda. Permaneço nas canções. É nelas que guardo, intactas, a alegria e a dor dos anos que se escoam.
A chamada grande música a clássica serve-me de fundo e alento ao trabalho - mas os instantes essenciais da vida é nas canções que os encontro; os alicerces da minha memória e do meu coração sãofeitos de música e letra.
Mergulho num estado de encantamento, não só pela qualidade das canções, da vozes, mas também pelas pequenas histórias acerca do delicado casamento entre música e letra - e da dificuldade particular de responder à música de outro com as palavras certas. Isto não é sequer pensável, os saberes espartilham-se em vez de se contagiarem. O dom de separar as águas de forma a que elas possam correr nos seus caudais únicos para o leito de uma imensidão comum.
Tudo isto são diamantes.
Com letra e música.

8 de setembro de 2007

7 de setembro de 2007

O que quer que seja.....

Desgraça bendita, sobre um papel de emoções destiladas especialmente para armar "ciladas" - caminhando sobre a superfície abrasiva de um presente ambivalente que cotiza nos poros e vai atrofiando e liberando os sentidos, nublando e limando a visão, destroçando e amalgamando os vestígios de um eco que se afoga numa sinfonia de sons tranquilos e silenciosamente ruidosos,

Would I fight with an angel?

Não quando o solo está povoado de estrelas - talvez esta seja a dança que mais gostamos de dançar, essencial e por sua vez aplicada lavando cada um dos pensamentos através do verde onde se brinca com os pés.
Quando existe o rótulo "Frágil", sinceramente nada me importa mais no mundo, que a noção do meu nome dito noutras vozes, recordado -

And some have greatness thrust upon them.

Gestos de Ar na Tua Boca Vermelha Minha

A flor desvendada desenha a sua história,
sua voz hedoniza-me ao amanhecer
suas asas são gestos que cobrem a aurora
nua na essência saciando a sede.
Jogar é o verbo de fogo e sombra,
eclipse de corpos e o frio se foi.
A saudade das bocas
recordam quebrando o silêncio,
o tempo é eterno ao amanhecer.

4 de setembro de 2007

Mal e Bem - Estações - Só Mais Um Beijo

Não consegui resistir, aos "pequenos gritos da (minha) alma"
Um dos grandes trovadores
Jorge Palma



3 de setembro de 2007

" Aqueles que passam por nós...não vão sós...não nos deixam sós...deixam um pouco de si...levam um pouco de nós."

Antoine de Saint-Exupery

1 de setembro de 2007

Humanos - Quero é viver

NoiteS

Este texto não é meu, não.
este texto quero que o leiam.
este texto tem muita magia.
este texto este texto é poesia.


Jogar a conjugar-se
sei jogar a conjugar
sei jogar a jogar com
com jogar-se a jogar
com jogar a jogar-se
conjugar-se a jogar.


Quantas vezes sentimos frio na alma e desejaria-mos que o jogo nos queimasse, que nos faça cinza até ao mais profundo da essência?
Quantas vezes passamos luas a chorar, desfazendo o corpo em lágrimas.
Tantas!!
E quantos desses momentos pensamos na necessidade de ter uma palavra que nos acaricie, que toque o nosso ser, que nos encha de paz, cor e amizade?
Nessecidade de palavra, de verbo, de Verbo Conjugado.
Jogar a conjugar-se, a deixar-se conjugar, a ser verbo e mil palavras mais.
Sair do jogo e ligar-se à realidade e desligar ao dar conta que não serve.
Voltar a jogar como na infância, quando nos fogem as coisas e as procuramos, mas já é diferente, não as encontramos.
E já não temos as soluções.
Temos palavras, e temos olhos que as leêm e vozes que nos contestam.

Todas as noites
todas as palavras
todos os poemas
todo o verbo conjugado.