29 de março de 2008

Gota de Chuva

Lá fora está escuro, quase não vislumbro imagem alguma, em parte pelas gotas de chuva que pendem na minha janela, em parte pela névoa que bifurca o meu olhar.
Uma gota desliza lentamente numa interminável queda, unindo-se e levando consigo todas as gotas que havia no seu caminho, ainda que as ditas gotas desviam o trajecto desta, algumas se retêm por um instante, para logo deixarem cair outras que são indiferentes e quase não interferem na trajectória. Á medida que cai vai deixando um rasto, esse rasto é formado por parte das gotas que souberam ser em maior ou menor medida parte dela, mas que no decurso dessa trajectória deixaram de ser uma parte ínfima de si mesma. A recordação aflora na minha mente, por um segundo esqueço a noite, a neblina, a janela, até as gotas e sou feliz. Com o olhar perdido as pupilas dilatadas um leve sorriso nos lábios "poderia ser isto mais perfeito?" pergunto-me e a minha mente joga-me um mau passo ao lembrar-me que me falta o calor do corpo, dito pensamento tira-me do sonho real, reparo no epifano silêncio que reinava e agora ouço o repicar da chuva contra o meu tecto, as minhas pupilas contraem-se e vêem algo que antes não viam. A janela gigante em comparação com as minúsculas gotas de chuva que tinha observado e nessa janela há muitíssimas mais gotas, que ao mesmo tempo vão descendo até ao mesmo final, mas traçando caminhos em ziguezagues diferentes onde há também gotas estáticas esperando que outras gotas se cruzem no seu caminho, tantas gotas e tão longe dessa pequena gota inicial e imagino como teria sido o seu caminho se estivesse estado por exemplo nessa imensa gota que agora coroa a esquina superior esquerda da minha janela, quantos centímetros haveria desviado a sua trajectória e como haveria fluído no resto do caminho. Tantas gotas, tantos caminhos, tão similares, tão distintos...
A nostalgia apodera-se de mim, fecho os olhos e evoco a imagem, quase ao mesmo tempo (só com dois milésimos de segundo de diferença) uma lágrima se desprende de cada um dos meus olhos e começam a sua lente caída, cada uma por seu lado, baixando pela face, contornam o nariz e se fundem nos meus lábios, deixando-me um leve sabor a sal, esse sabor junto com o aroma da pele, que vai ser para mim um caminho, extracto de um perfume..., a gota de chuva.

28 de março de 2008

Sou...

Sou...

Sou só

Sou triste

Sou diferente de ti

Sou melhor que muitos

Sou pior que todos

Sou uma pergunta

Sou diferente do que vês

Sou só...só... só......................…sou

"Escrevo-te porque não sabes ler. Se soubesses não te escreviria".

27 de março de 2008

LUZ CASAL - LO ERES TODO