28 de setembro de 2008

# 05

...E PORQUE TUDO TEM UM FIM...

# 04

...GOSTARIA DE ADORMECER SUAVEMENTE...

# 03

...A MORTE FICAVA-ME BEM

21 de setembro de 2008

Amigo

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer. Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.



Vinicius de Moraes

20 de setembro de 2008

Tempo para Viver

Tic, tac, tic, tac, tic tac,...
O tempo corre
Olho-se pela janela
As pessoas correm
Os carros correm
As nuvens correm
Começasse a correr desenfreados pela casa!
banho, toalha, roupa, escova de dentes, escova de cabelo....
"Fui! e já estou atrasada"
"Não sei como conseguimos!?
Continuamos atrás dos minutos que não dão descanso..."
Cremes, casacos, carteiras, chaves do carro, telemovel.
Bate-se a porta, abre-se a porta.... perfume!
Bate-se a porta novamente e já não se corre, voa-se!!
Paramos o carro! Toma-se o pequeno almoço a correr
Trabalha-se a correr
Almoço a correr
Corremos sem saber porque corremos
Não há tempo para perguntas!
Volta-se a casa a correr
Vai-se ao ginásio a correr
Corre-se para o jantar
Cozinha-se a correr
Fica-se atrasado para adormecer!
Cai-se num sono profundo exausto!
Sonha-se que um dia mudamos a vida e,
Sem correrias,
Vamos fazer tudo o que se gosta e dá prazer
Vamos ter tempo para viver.

18 de setembro de 2008

Sara Tavares- Eu Sei

7 de setembro de 2008

Alguém

A forma que encontrei para sobreviver marginalizou alguns dos meus sentimentos.
Ainda hoje gosto de me encontrar só na vasta multidão.
Aprendi a lidar com as emoções.

6 de setembro de 2008

5 de setembro de 2008

# 02

"Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha,
é porque cada pessoa é única,
e nenhuma substitui a outra.

Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha,
e não nos deixa só,
porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós.

Essa é a mais bela responsabilidade da vida
e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso."

# 01

Para escrever é preciso raiva.
É preciso sentir o sangue, a medula, os dedos, os outros, é preciso aquele tal equilíbrio desequilibrado dos sentidos.
Aquele calar de cérebro, aquele falar de miocárdio.
É preciso sentir que desembrulho-me toda, que fico completamente nua em palavras.
Sim.
É preciso isso.
Sentir todas as rugas, as minhas e a dos outros, cada fio de cabelo, cada gesto, cada bocejar, cada olhar, cada nó dos meus ossos, meus e dos outros.
Sentir cada lambidela de pele, cada raciocínio, cada bochecha vermelha, cada ombro descaído, cada soslaio, cada tudo.
Para que esse tudo, se transforme em cada uma das minhas "nudezes". Mas, já não me sinto capaz de despir. Já não me sinto capaz de ser eu.
Ando com muito frio.

2 de setembro de 2008

Mais um...

Foi ontém...

O tempo passa assim, tão veloz e tão devagar...E chega outro ano. Apenas outro. Mais um.
O que sinto? Não sei... tranquilidade misturada num doce embalar de alma. Como se já não fosse preciso correr. Como se sentisse que a caminhar devagar, posso ser feliz da mesma maneira. Momentos em que apetece só um amor sossegado, outros em que só apetece "play. fechar os olhos. voar para longe."Já não há a vontade de galgar o mundo com sofreguidão, como se tivesse que viver tudo depressa, tudo hoje. Dessa época, ficaram apenas momentos soltos em que ainda dá essa vontade. Quando sinto, de vez em quando, que ainda está tanto ou tudo por fazer e sentir essa pressa, essa urgência de viver.
Depois abrando outra vez... chegam outra vez as horas mornas. Quando ouço cá por dentro, no fundo onde faz eco: Tem calma Irene... ainda é tempo.
Deve ser isto a que chamam envelhecer. Se for, não é assim tão mau...