24 de março de 2009

Mariza

Palavras para quê....

"Se eu Mandasse nas Palavras"



"Há Palavras Que Nos Beijam"



"Pequenas Verdades"

21 de março de 2009

Quotidiano

"Dizer ou escrever uma palavra desagradável é certamente uma coisa não- violenta especialmente quando aquele que a diz ou escreve acredita que é verdadeira. A essência da violênciaé haver uma intenção violenta por trás de um pensamento, de uma palavra ou de um acto, isto é, intenção de causar dano ao seu oponente.

Falsas noções de propriedade ou medo de ferir de susceptibilidades impedem muitas vezes as pessoas de dizerem o que pretendem, levando-as afinal a dembarcar nas praias da hipocrisia. Mas se a não-violência de pensamento é para ser desenvolvida nos indivíduos e sociedades, a verdade tem que ser dita, por muito desagradável ou impopular que possa parecer no momento".

M. K. Gandhi






" O livro é um mundo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive"



Padre António Vieira





"Muitos homens iniciaram uma nova era na sua vida a partir da leitura de um livro"




Henry David Thoreau



Referências incontornáveis para qualquer pessoa interessada pelo humanismo, luz e guia moral, capaz de animar uma dimensão para a existência humana, que obviamente, não pode ficar confinada ás fronteiras arbitrárias do pragmatismo mercantil vigente. Quando a normalidade instalada, descaradamente contribui para o definhamento da liberdade moral, alicerce fundamental onde assenta o discernimento intelectual, instala-se a servidão voluntária. A multiplicação das formas de dependência estimuladas pela propaganda contribuem amplamente para que os cidadãos acreditem não ser viável, contrapor alternativas. As diferentes formas de solução estão de tal modo aperfeiçoadas, que o cidadão acaba subornado, enfraquecido, desprezado por si próprio, até que o seu sistema imunológico intelectual, moral e espiritual entra em falência e o vírus de uma forma de "HIV" afecta o discernimento do indivíduo, tem o caminho livre para se desenvolver até aniquilar irreversivelmente a identidade individual. Ao deixarmos-nos SEDUZIR (ou "prostituir", o que vai dar ao mesmo ) pela propaganda da fácil e acessível felicidade, que assedia indiscriminadamente, qualquer "tipo" de cidadão, sempre que ao virar de cada esquina, e sem quase dar conta disso, é irremediavelmente arrebatado pela omnipresente propaganda (que é tão só a ponta do iceberg). A mutação que transforma o cidadão moralmente saudável num farrapo humano, é um fenómeno que aproveita o subdesenvolvimento da consciência crítica, fenómeno comum numa sociedade alicerçada no imediatismo. Então, "aprender" a ler e a partilhar palavras, conceitos, ideias, EMOÇÕES e AFECTOS, é dar sentido há existência. Ler, simplesmente ler... ler, é uma viagem que a vida nos propõe, que podemos aceitar ou não, temos o direito de optar. No entanto, é a perplexidade ante a dimensão da complexidade da condição humana que nos mete a caminho. Relevante, sem qualquer dúvida, é o ambiente em que somos embrulhados à medida que assimilamos conceitos, desenvolve-se a consciência de ser, e a seu tempo, revelar-se-á "produto", que distingue cada um de nós, dos demais seres humanos que deambulam à nossa volta. Estas influências são determinantes para que o indivíduo desenvolva a consciência ser ramo cultural, de árvore civilizacional, com raízes universais, alimentando-se da intemporal condição do saber, que transcende a mesquinhez dos seus interesses pessoais (para lá da satisfação das necessidades que permitam o pleno desenvolvimento dos nossos talentos e capacidades, o resto é supérfluo, e as mais das vezes, inclusivamente pernicioso, quando o indivíduo caminha na senda da realização pessoal) e ligando-o ao sentido da intemporalidade que perpassa a limitada existência individual, e não o contrário. O cidadão, para além de ser responsável pelo momento que é contemporâneo encontra-se vinculado de forma indelével ao passado recente e remoto e também ao futuro (não considerem esta responsabilidade um fardo insuportável, porque paradoxalmente, a mesma, é fonte da liberdade e alegria de viver, sem estar sujeita á ditadura de modas passageiras). Observemos de mente aberta quão diversa e imensa é a quantidade de meios ao dispor da humanidade e a forma vil como são desperdiçados, e pior ainda, usados para abusar da ingenuidade humana. Agora reflicta se este é ou não um dos maiores crimes que se cometem contra a humanidade, de onde derivam ( pelo menos, eu acredito nisso), a maior parte das tragédias com origem na perversão humana. Entretanto, passeamos a passividade delirante, do nosso olhar, pelo enorme parque de diversões em que o mundo se transformou; fontes inesgotáveis de formas de entretenimento que o povo consome, aparentemente sem discernir, onde começa e acaba a realidade (aliás, que a realidade fervilha afinal, âmago de um cidadão que adormece e acorda a voltar as páginas de uma existência que já nem á força do consumo de Prozac faz sentido?!).

Escrever, desenhar, ler, cantar, aprender a reconhecer as plantas, enfim, descubram as patranhas nas entrelinhas do que ficou por escrever...e ler.

Pernoitas em Mim

Pernoitas em mim
e se por acaso te toco a memória...amas
ou finges morrer
pressinto o aroma luminoso dos fogos
escuto o rumor da terra molhada
a fala queimada das estrelas
é noite ainda
o corpo ausente instala-se vagarosamente
envelheço com a nómada solidão das aves
já não possuo a brancura oculta das palavras
e nenhum lume irrompe para beberes

Al Berto

16 de março de 2009

Transferências

Fechada nos jasmins perfumada nos jardins.
Do mar despido no orvalho, florido na haste da canção que se dá.
Geme em gritos desnutridos a poesia, do caminho na arte de caminhar,
voa e salpica em harmonia.
A anarquia desembarca na baía, dissolve a paisagem da voz, servindo
a linguagem do sol, como faz a noite á lua.
Eclipse de corpos
Ressonando em ecos, tomando café da manhã, na montanha de cor.
Hoje caderno verde, eterno versículo, proporcionando um dilúvio de magia,
sensualidade, transferência de som.
Ventre ao vento meio-dia diabólico e uma flor nas mãos dos rumores,
subterrâneos da cerimónia da despedida,
dissolvida a voz, linguagem ao sol como faz a noite á lua,
paisagem do sol que faz amar a chuva...

15 de março de 2009

Nouvelle Vague

Tudo tão simples e tão perfeito numa harmonia vocal e musical que me seduz num domingo "pachorrento".



Fade to Grey





Dance with me

Paisagem

Ontém, perdi-me nas encostas do Douro, como muitas vezes me perdi no seu rio. Respirei o mosto e invadiu-me e paz e a serenidade daquelas montanhas de recorte sublime.
A imagem é fantástica e ilustra bem tudo quanto Torga quis passar no poema "S. Leonardo de Galafura" - uma real "proa das montanhas", no concelho de Peso da Régua, Vila Real.
Há momentos assim! A paz recolhe-nos e eu aproveito para navegar até um qualquer cais onde permaneço na tranquilidade.
Valha-nos a poesia para voar nas asas de um eloquente verso.
Há uma luz intuitiva a recortar-te da paisagem de gelo.



São Leonardo da Galafura

À proa dum navio de penedos,
A navegar num doce mar de mosto,
Capitão no seu postoDe comando,
S. Leonardo vai sulcandoAs ondas
Da eternidade,
Sem pressa de chegar ao seu destino.
Ancorado e feliz no cais humano,
É num antecipado desengano
Que ruma em direcção ao cais divino.
Lá não terá socalcosNem vinhedos
Na menina dos olhos deslumbrados;
Doiros desaguados
Serão charcos de luz
Envelhecida;
Rasos, todos os montes
Deixarão prolongar os horizontes
Até onde se extinga a cor da vida.
Por isso, é devagar que se aproxima
Da bem-aventurança.
É lentamente que o rabelo avança
Debaixo dos seus pés de marinheiro.
E cada hora a mais que gasta no caminho
É um sorvo a mais de cheiro
A terra e a rosmaninho!

Miguel Torga