31 de maio de 2013

Horizonte Nulo

Horizonte nulo

Hay sombras más fuertes que la oscuridad misma.
Sombras que atajan la luz sin unas manos,
que no se dejan mirar, pero que son las tumbas afligidas
y heridas que el corazón contiene:
un horizonte nulo que la traición concibe,
un espacio sin rostro donde en la espalda
un dolor nos clava una infamia,
una daga de furia y de muerte,
la pica que otrora el hombro nos diera
y hoy conjura con rabia y vehemencia.

Y el corazón ya no siente, ya no da la cara.
Son heridas profundas de ira y de saña,
sombras que ciegan cual alobadas miradas,
o de hienas que incrustaron su risa
para atravesarla en la carne y ya no sacarla.
Un horizonte nulo donde se aborda la nada,
donde se entoldan los ojos
por alguien que nos traicionó las manos;
un espacio que no tiene faz ni apariencia,
y se expresa en la oscuridad más sensible del alma.

21 de maio de 2013

Era Uma Vez Um País

ERA UMA VEZ UM PAÍS - Miguel Calhaz



Vencedor do Festival Cantar Abril 2013. Prémio Ary dos Santos



Letra

Era uma vez um país
"Lá num canto desta velha Europa,
era uma vez um país
vivia à beira do mal "prantado",
mas apodrecia na raíz

Reza a história que foi saqueado
mesmo por debaixo do nariz
Triste sina, oh que triste fado,
era uma vez um país

Os mandantes que por lá passavam
eram só ares de "bon vivant"
Viviam à grande e à francesa
como se não houvesse amanhã

Havia quem avisasse o povo
p´ra não dar cavaco a imbecis
Mas caíram na asneira de novo,
era uma vez um país

Esta fábula do imaginário
tão próxima do que é real
Canção de maledicente escárnio
à república do bananal

Que se encontrava em tão mau estado,
andava a gente tão infeliz
E o polvo já tão infiltrado,
era uma vez um país

E lá se vão sucedendo os casos,
grita o povo: "agarra que é ladrão!"
Mas passam belos dias à sombra do loureiro
Enquanto o Duarte lima as grades da prisão

E nunca se esgotam personagens
neste faz de conta que é assim
Raposas com passos de coelho no mato
e até um corta relvas de madeira no jardim

Entre campeões de assalto à vara
e filósofos de pacotilha
Entram nas portas dos submarinos azeiteiros de oliveira às costas
com o ouro da nação p'ra por nas ilhas Cai-mão, cai-pé,
baixa os braços e as calças e a cabeça e o nariz,
aqui finda esta história que não tem final feliz"
(era uma vez um país)

Prémio Ary dos Santos -- Poesia
Tema -- Era uma Vez um País
Autor - Miguel Calhaz

Intérprete -- Miguel Calhaz