29 de julho de 2008

Tenho?...

Tenho tanto que ocultar,
não encontrei um manto
nem um vestido largo que oculte
os meus defeitos.
A cobrir mãos e pés,
pernas, ancas,
cobrir o corpo dos olhares,
também
Não devo deixar transparecer os meus medos
Quero cobrir os pesares
para que não caminhem sem rumo.
E as minhas palavras...
essas com que as cubro?
As minhas lágrimas
alguma vez
cobriram a minha pele?
alguma vez?,
e quem as cobrirá a elas?
Quem
me transformará em erva selvagem
para manter-me coberta pelo vento.
E as minhas mãos?
foram-se
ocultando debaixo de temores esporádicos
Meus pés…
meus pés,
debaixo de tantos calos
rugas e cinzas
E o aroma íntimo de mim?
coberto vive
enquanto decides
escutar um bolero.

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