Navegando Nas Linhas E Entrelinhas Deste Mar Que É A Vida
24 de dezembro de 2008
A todos os nómadas, itinerantes, residentes; em particular aos que reservo um lugar especial em mim. Sem Quadras Especiais, mas também com elas amo-vos o ano inteiro.
Para muitas pessoas, o coração é um enclave com auto-determinação dentro do corpo, que, para mais, lhes dá cabo da cabeça. Numas vezes, mais parece um balcão de check-in, em dia de overbooking. Noutras, resigna-se a ter apenas quatro cavidades (que mais parecem uma mina, outrora próspera, que se foi tornando gélida e sombria). O coração das pessoas parece tingir-lhe a razão, levando-as a culpá-lo, sempre que ele se limita, generoso, a pôr uma verdade palpitante em tudo o que sente. Por isso poupando-o a alguns mal-entendidos, gosto de reflectir acerca das pessoas que vivem sozinhas contra a sua vontade. Muitas são pessoas bonitas. Magoadas, certamente, por uma relação. Algumas ansiando encontrar um outro alguém. Quase todas fugindo, sobretudo, das pessoas que pareçam tornar-se um desafio sério para si. Como se o enamoramento fosse uma canção antiga, antes trauteada num cinema.Porque é que as pessoas, quando ficam mais velhas, ficam hablitadas a ficar sozinhas? A solidão deixa de as assustar?... Pelo contrário. Torna-se mais agreste o rasto de medo que deixa, dentro de cada uma. Mas sendo assim, porque é que as pessoas parecem irredutíveis na conquista de novo começar? Porque mais experiência as torna mais atentas aos pequenos pormenores e requintadas. E pode também levá-las a que fujam de ser abandonadas, sobretudo, se sentirem que essa pessoa pode abrir presianas nos seus olhos ou passar a trazer-se à tiracolo, em todos os seus gestos. (Mas fugir de alguém é a melhor forma de o deixar preso a si, para sempre...). É claro que, esgrimando contra a sua solidão, muitas pessoas falam dos "mal-acompanhados" que conhecem. Querem com isso dizer - suponho eu - que a monotonia de muitas relações é uma forma das pessoas nos dizerem que não há nada de novo para descobrirem ( que, presumo, é a forma misericordiosa de, nesse purgatório de indiferença, nos segredarem que estão fartas de nós). Mas, acima de tudo, muitas pessoas, sós ou mal acompanhadas, vivem dominadas pelas suas experiências de abandono para que não sejam abandonadas. Noutras recheiam os gestos fortuitos de alguém para com elas de expectativas tão redentoras (e exoberantes) que permanecem sós acaba por ser uma forma de concluírem que não há ninguém à altura dos seus sonhos. Mas, depois de um abandono, talvez não se fuja de outros abandonos. Guarada-se, como relíquia, o amor-perfeito de que se socorreram, como náufragos, sempre que foram abandonadas. E que fez com que, entre um amor que se desenha e um sonho que se venera, escolham o segundo. Com a convicção de que, desse modo, mesmo continuando sós, nunca se arriscam a que se desmorone a única luz que lhes deu um sentido para a esperança.
Estamos em Dezembro, o mês final de grandes acontecimentos, tudo acontece, aconteça o que acontecer, nem que chovam picaretas, não é assim que se diz? Mês de férias, feriados, tolerâncias de ponto para muitas pessoas, regresso dos emigrantes aos seus países de origem, e o mês corre entre dias preguiçosos e festivos. Cheira a inverno, chove, faz frio, neva, os dias são mais pequenos, mas como diz a minha avó no natal, "saltinho de pardal". É tempo de um chocolate quente, doces da época, lareira, amigos e amizade. É a fase em que se dobra a esquina do tempo no calendário corrente que não pára, assim como nós, e nesta barreira de transição dispomos a fazer de conta que o ritmo cíclico das estações, nos traz uma primavera irremediavelmente de bons augures, que nos possa convir, feito à medida dos nossos desejos, da nossa esperança. Vamos sempre acreditar que o dia de amanhã é melhor, e as pessoas são melhores. Há a necessidade de dar sentido às coisas, mesmo àquelas que não têm sentido algum, e vestir um clima de festa, alegria de um tempo que aquece o Inverno frio do descontentamento de muitos. A necessidade de navegar, flutuar no tempo como se fôssemos livres e esperássemos das pessoas amenas sequências de acontecimentos de que nos dispomos a fazer uma pausa, um interlúdio do mês de Dezembro. Mesmo que a seguir venha Janeiro, nublado, frio, sombrio, sem graça, à mistura com os conflitos inevitáveis das proximidades fictícias que sempre geram, é capaz de valer a pena. Mesmo que Dezembro seja o mês de transição, que prefigura futuros inquietantes, dá a sensação, só porque somos gente, que abraçamos os fins de festa com alegria, na esperança de algo melhor. Todos os meses são importantes, Dezembro traduz a viragem, a festividade de muitas famílias, daí talvez o possamos considerar o grande mês do calendário.
No começo a sombra, depois, em perfis mais claros – a imagem -, as cores, o aroma, os gesto e a alegria. Mais tarde, o ritmo e o movimento no dia, e a luz, e o ar, e a água, e o som e a amizade. Sorriu. A amizade escasseia, lá, onde o olhar não alcança. A amizade está no coração (que não é de carne), e pousa, e repousa, e não tem pressa, nunca tem pressa. E não sai dali. Sempre, o movimento dos sonhos. Que têm a cor e o cheiro de cada amizade. E o rosto da nossa… é o sorriso.
Far far, there's this little girl she was praying for something to happen to her everyday she writes words and more words just to speak out the thoughts that keep floating inside and she's strong when the dreams come cos' they take her, cover her, they are all over the reality looks far now, but don't go
how can you stay outside? there's a beautiful mess inside how can you stay outside? there's a beautiful mess inside oh oh oh oh
far far, there's this little girl she was praying for something good to happen to her from time to time there're colors and shapes dazeling her eyes, tickeling her hands they invent her a new world with oil skies and aquarel rivers but don't you run away already please don't go oh oh
how can you stay outside? there's a beautiful mess inside how an you stay outside? there's a beautiful mess inside take a deep breath and dive there's a beautiful mess inside how can you stay outside? There's a beautiful mess beautiful mess inside
oh beautiful, beautiful
far far there's this little girl she was praying for something big to happen to her every night she ears beautiful strange music it's everywhere there's nowhere to hide but if it fades she begs "oh lord don't take it from me, don't take it yourselves"
i guess i'll have to give it birth to give it birth i guess, i guess, i guess i have to give it birth i guess i have to, have to give it birth there's a beautiful mess inside and it's everywhere
so shake it yourself now deep inside deeper than you ever dared deeper than you ever dared there's a beautiful mess inside beautiful mess inside
Já disse tantas palavras bonitas que viciam, palavras atrevidas, palavras sem sentido, palavras torpes, palavras do bem, do mal, do céu, do sol, do tempo, da estrada, da história, da piada, da dor, da morte, do beijo, da sorte...
Palavra que vai, palavra que vem, palavra que sai, que fere, que ferra, que explica, que complica, que diverte, que mente, que sente, que defende...
Palavra que chora, que obedece, que fica, que foge, que traduz, que seduz, que naufraga, que invade, que pergunta, que atormenta....
Palavra que excita, que inspira, que acalma, que faz dormir...
Palavra de amor, palavra de pressa, palavra de sede, sem rede, palavra com data, palavra com côr, palavra com dor, palavra que planta que promete que cumpre...
Palavra serena com cheiro de flor, palavra doce com gosto de mel, palavra que beija, que cura... Palavras apenas palavras... Palavras que são flechas, palavras que são alvo, palavras que enlouquecem e que encontram almas para salvar ou ferir... E com tantas palavras sentidas, tantas não foram ditas...