5 de setembro de 2008

# 01

Para escrever é preciso raiva.
É preciso sentir o sangue, a medula, os dedos, os outros, é preciso aquele tal equilíbrio desequilibrado dos sentidos.
Aquele calar de cérebro, aquele falar de miocárdio.
É preciso sentir que desembrulho-me toda, que fico completamente nua em palavras.
Sim.
É preciso isso.
Sentir todas as rugas, as minhas e a dos outros, cada fio de cabelo, cada gesto, cada bocejar, cada olhar, cada nó dos meus ossos, meus e dos outros.
Sentir cada lambidela de pele, cada raciocínio, cada bochecha vermelha, cada ombro descaído, cada soslaio, cada tudo.
Para que esse tudo, se transforme em cada uma das minhas "nudezes". Mas, já não me sinto capaz de despir. Já não me sinto capaz de ser eu.
Ando com muito frio.

2 comentários:

Anónimo disse...

La imaginacion, la necesidad de hablar a los outros a los ojos, buscar al menos, atesorar en imágenes la percepcion
Y quiero encontrarme siempre en sentir el personaje,
y porque hubo alguien que escribió para los demas
y alguien que se basó en su carne
y yo te entiendo
y yo me voy

hermoso
besos
Jez

Anónimo disse...

"Despe-te" por favor. Gosto de vir espreitar-te aqui quanto mais "nua" mais belos são os textos textos.
Fazem-me lembrar o nu artistico. Se for necessario, eu acendo fogueiras e tentarei aquecer-te nessa praia aonde te recolhes...
T