9 de outubro de 2008

Isolamento

Emulo o sorriso que procuro, os olhos perdidos desenham formas e figuras detrás da tela e não há tela, não há saída senão desistir e ninguém quer sair daqui. Gosto da música e de um concerto mágico, o princípio funde-se no tempo e as flores escrevem pela manhã, e pelas noites o sonho incómodo, existe alguma coisa que falta e não se sabe o que é (ilusão), creio no deserto...
Onde estou? No deserto. Onde vou?
A firmeza flanqueia uma sombra rasgada, uma luz que flameja, é tão estranho, estranhar-te, o canto encostado, só um sítio espera como o tempo, o relato. Como é que o tempo espera?
Vejo nos olhos o prazer, a concertação da alma, há que se habituar ao vento como sabem, a inquietude, as ondas procuram mover-se outra vez, a pureza. Que será a pureza? A distância suficiente do sol para não evaporar-se?
Atrás das cortinas o anjo veio sussurrar no ouvido, existe amor, amizade, e sabe o desfecho não é real, falta a fé e não quero dormir sem ar na boca, a voz faz-me falta...
Não querem sair (de mais) as palavras, procuram a calma e a paz do sol descansa e não sei se depende senão da vida. A incerteza descalça avança, lá fora está a rua e falo do ar que me atravessa e se posso pedir, se me posso servir do que oiço aqui rodeada de flores junto da mesa e se no ar desfilam odores. E a mente? Como na espera de um instante, um segundo, e renascem as vozes, os olhos abrem outra vez como sempre, como antes, como nunca e depois o convite ao tacto, é a pele que me chama o eco da luz é hora de voltar aos lábios o tacto, beijo o ar e a dor se vai, o arder não queima mais, e no mar de fogo o tempo não marca, digita e debaixo do sol saio a caminhar, em busca de um sorriso, da felicidade, um sorriso de todos, um sorriso...

1 comentário:

Anónimo disse...

Gran sensibilidad, filosas como agujas, las palabras certeras, pero ricas y dulces. Como no felicitarlo amiga mia, se lo mereces.

besos
Jez