21 de março de 2009

Quotidiano

"Dizer ou escrever uma palavra desagradável é certamente uma coisa não- violenta especialmente quando aquele que a diz ou escreve acredita que é verdadeira. A essência da violênciaé haver uma intenção violenta por trás de um pensamento, de uma palavra ou de um acto, isto é, intenção de causar dano ao seu oponente.

Falsas noções de propriedade ou medo de ferir de susceptibilidades impedem muitas vezes as pessoas de dizerem o que pretendem, levando-as afinal a dembarcar nas praias da hipocrisia. Mas se a não-violência de pensamento é para ser desenvolvida nos indivíduos e sociedades, a verdade tem que ser dita, por muito desagradável ou impopular que possa parecer no momento".

M. K. Gandhi






" O livro é um mundo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive"



Padre António Vieira





"Muitos homens iniciaram uma nova era na sua vida a partir da leitura de um livro"




Henry David Thoreau



Referências incontornáveis para qualquer pessoa interessada pelo humanismo, luz e guia moral, capaz de animar uma dimensão para a existência humana, que obviamente, não pode ficar confinada ás fronteiras arbitrárias do pragmatismo mercantil vigente. Quando a normalidade instalada, descaradamente contribui para o definhamento da liberdade moral, alicerce fundamental onde assenta o discernimento intelectual, instala-se a servidão voluntária. A multiplicação das formas de dependência estimuladas pela propaganda contribuem amplamente para que os cidadãos acreditem não ser viável, contrapor alternativas. As diferentes formas de solução estão de tal modo aperfeiçoadas, que o cidadão acaba subornado, enfraquecido, desprezado por si próprio, até que o seu sistema imunológico intelectual, moral e espiritual entra em falência e o vírus de uma forma de "HIV" afecta o discernimento do indivíduo, tem o caminho livre para se desenvolver até aniquilar irreversivelmente a identidade individual. Ao deixarmos-nos SEDUZIR (ou "prostituir", o que vai dar ao mesmo ) pela propaganda da fácil e acessível felicidade, que assedia indiscriminadamente, qualquer "tipo" de cidadão, sempre que ao virar de cada esquina, e sem quase dar conta disso, é irremediavelmente arrebatado pela omnipresente propaganda (que é tão só a ponta do iceberg). A mutação que transforma o cidadão moralmente saudável num farrapo humano, é um fenómeno que aproveita o subdesenvolvimento da consciência crítica, fenómeno comum numa sociedade alicerçada no imediatismo. Então, "aprender" a ler e a partilhar palavras, conceitos, ideias, EMOÇÕES e AFECTOS, é dar sentido há existência. Ler, simplesmente ler... ler, é uma viagem que a vida nos propõe, que podemos aceitar ou não, temos o direito de optar. No entanto, é a perplexidade ante a dimensão da complexidade da condição humana que nos mete a caminho. Relevante, sem qualquer dúvida, é o ambiente em que somos embrulhados à medida que assimilamos conceitos, desenvolve-se a consciência de ser, e a seu tempo, revelar-se-á "produto", que distingue cada um de nós, dos demais seres humanos que deambulam à nossa volta. Estas influências são determinantes para que o indivíduo desenvolva a consciência ser ramo cultural, de árvore civilizacional, com raízes universais, alimentando-se da intemporal condição do saber, que transcende a mesquinhez dos seus interesses pessoais (para lá da satisfação das necessidades que permitam o pleno desenvolvimento dos nossos talentos e capacidades, o resto é supérfluo, e as mais das vezes, inclusivamente pernicioso, quando o indivíduo caminha na senda da realização pessoal) e ligando-o ao sentido da intemporalidade que perpassa a limitada existência individual, e não o contrário. O cidadão, para além de ser responsável pelo momento que é contemporâneo encontra-se vinculado de forma indelével ao passado recente e remoto e também ao futuro (não considerem esta responsabilidade um fardo insuportável, porque paradoxalmente, a mesma, é fonte da liberdade e alegria de viver, sem estar sujeita á ditadura de modas passageiras). Observemos de mente aberta quão diversa e imensa é a quantidade de meios ao dispor da humanidade e a forma vil como são desperdiçados, e pior ainda, usados para abusar da ingenuidade humana. Agora reflicta se este é ou não um dos maiores crimes que se cometem contra a humanidade, de onde derivam ( pelo menos, eu acredito nisso), a maior parte das tragédias com origem na perversão humana. Entretanto, passeamos a passividade delirante, do nosso olhar, pelo enorme parque de diversões em que o mundo se transformou; fontes inesgotáveis de formas de entretenimento que o povo consome, aparentemente sem discernir, onde começa e acaba a realidade (aliás, que a realidade fervilha afinal, âmago de um cidadão que adormece e acorda a voltar as páginas de uma existência que já nem á força do consumo de Prozac faz sentido?!).

Escrever, desenhar, ler, cantar, aprender a reconhecer as plantas, enfim, descubram as patranhas nas entrelinhas do que ficou por escrever...e ler.

1 comentário:

casa da poesia disse...

Amo el canto de zenzontle
pájaro de cuatocientas voces...!?...salud!