3 de junho de 2009

...

Em determinado momento o mundo faz-se monocromático, vira-se de costas para o rio e não tira os olhos da lua.
Os espelhos retrovisores partem com a única neve de Janeiro e o passado desaparece perigosamente para sempre.
As poucas fotos que dão testemunho de algo, existem e são guardadas sob custódia, mas não recorda onde. Perante o vazio se inventa um planetário omoplatas dentro, sei pelo peso sobre as costas.
Tudo é lento, cada passo é meditado, não se pode enganar a metade do caminho, porque o equilíbrio custa mais do que realmente vale.
Entretanto as próprias estrelas "orbitam" sobre a própria cabeça. Não fica mais do que acomodar o que resta. Ensaio mental do que foi e desenha-se um mapa na mão para não esquecer. Mas depois dá vontade de improvisar e o mapa fica submergido em espuma e água, dissipado e invisível.
As fotos de ontem foram o presente de hoje e o futuro não é o até amanhã. Este lugar não é oco do cosmos, não é mais que o set de gravações de um filme de outros.
Nem guionista, nem directora, intérprete como tantas outras, em que não ficam bem os primeiros planos. Intérprete de espera contínua, e como toda a espera leva a uma perda, ficou irreversivelmente a perda.

Sem comentários: