1 de fevereiro de 2010

Peregrinação no Tempo sem Tempo

 O tempo e esta fuga desenfreada que faz com que as coisas ainda presentes, tenham anos anquilando os dias. Como podem ter passado, sobre alguns acontecimentos, tantos anos? O que leva a que os dias se sucedam numa acelerada progressão geométrica que perturba as 24h de que cada um é composto?
Ele havia o tempo das tardes arrastadas de inverno que passavam lentas entre bebidas quentes, as braseiras e o tempo dos lanches, essa pausa engolida hoje pelas horas encolhidas.
Ele havia o tempo das férias, das tardes quentes da cidade em que os livros devorados, nos traziam o sabor de uma viagem ou, ainda os filmes tão ansiosamente esperados transportando-nos para outras realidades, outras vivências, outros sonhos. Havia ainda as longas tardes quentes passadas no campo, junto à nora, depois das sestas, perto do jardim forrado a laranjeiras.
Havia ainda o mês de Agosto e Setembro, 61 longos dias, de mar, de conversas, de afectos, de amizades de praia, de longas noites, de longas pausas onde se descobriam pessoas, assuntos, olhares e sempre uma boa conversa.
Hoje a corrida é uma soma em constantes multiplicações. Um conjunto de instantes que "n" incógnitas perseguem e que, a todas queremos acorrer, como se tivessemos perdido a sabedoria das escolhas, das hierarquias, até das loucuras quando, a escolha, voluntáriamente era a errada.
O que nos aconteceu? Perdemos o tino? Não seremos capazes de enfrentar as modas, os tiques, os contágios?

Tempo para o tempo é, ainda, para mim, uma grande máxima de vida mesmo que conscientemente, saiba que no percurso vou perder muitas descobertas, contraponho, vou saborear como uma iguaria ou um vinho raro, o prazer da escolha e os "apports" que ela me tiver oferecido.
No tempo, como nas aguarelas, less is more.

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