10 de abril de 2010

Coração!!!

"Aluga-se coração para relação séria"
Até poderia ser o título de um qualquer artigo da revista Maria.
Nada nos garante que no coração existam duas auriculas e dois ventriluocos. O que acontece, é que o coração tem tantas divisões quantas as pessoas ocupam um lugar dentro de nós. Por fora, até pode parecer, um fruto, tipo morango silvestre, ou uma qualquer almofadinha vermelha do dia dos namorados, com muitos escritos (à moda antiga), o tal aluga-se e que não está á janela. Já por dentro, muitas das suas assoalhadas, nem sempre têm as portas e janelas que levem á conversa ou a ligarem-se entre si. Assim sendo o coração  de alguns de nós se torne pródigo em erros de casting, e, traído pelas  palpitações fique "cego" parecendo...desvairado.
Se houvesse comunicação, se falassem entre as várias divisões, talvez o coração se tornasse mais arejado, soalheiro, e, sem fraquejar nos seus ímpetos para a paixão, a sua temperatura seria amena.
Alguns corações vão à memória, uma espécie de baú ou dispensa do pensamento sentido, sacudida a naftalina,  cumpre-se o mesmo ritual, os dias.
Há quem garanta que nestas coisas do coração o amor é "cego", mas que vê; isto parece uma grande confusão. O que vale é que com consultas grátis e armações, até com descontos e cada vez mais acessíveis, modelos "assim-assim", pelas mãos dos nossos vizinhos, das multinacionais espanholas....o amor deveria poder ir às Multiópticas.
Não se justifica hoje, que por dificuldade de visão, o amor "faça pela vida"...às apalpadelas. Torneie-se este lado de Mr. Magoo (que vive em nós)... com a visão na ponta dos dedos, e assim não fique fechado no coração as razões que a razão por teimosia não vê.
Falta um zip, uma argola que puxe, um "abre-te sésamo", uma  password de uma "grande pancada" confundida com paixão. Alguns  dos nossos corações são cegos, nascem sem "abertura-fácil". São fantásticos, generosos, palpitantes, mas para desalento atrapalham-se a partir do "não sei o quê" depois de conversar entre todas as diviões, irrita, trai, e disfarça com imaginação, numa "grande história".
Quando aguenta um "não sei o quê" não é cego, é uma brisa, uma overdose de fantasias.
Numa versão mais masculina, desculpem-me os homens, imagine que repara numa mulher bonita, que trabalha ou cruza-se consigo numa qualquer situação do quotidiano, uma verdadeira woman in red. Imagine que sempre que passa por ela por mais que queira ter "o Benfica todo nos seus pés", gagueja mal a vê, possuído pelo medo de um "amo-te, Teresa"! se acenda e se apague na sua testa....
Imagine..., mas é assim que tudo se passa no cinema do dia a dia...e, em êxtase, repete que não são precisos refrigirantes com tomates ou um relógio 007 para que Deus, mesmo que jogue dados no universo... não durma....
Enquanto o coração lhe confirma que há "razões que a razão desconhece"...um cidadão, ao seu lado no meio de uma estação de Metro, espreitando por uma nesga da pálpebra, as pessoas que invejam (quem sabe?) a sua posição menos convencional, de braços abertos, pronto para amar a vida.
Brincando, só queria dizer que o amor... vê. E que, platónico não é cego. Será...estrábico, míope, sofrerá de astigmatismo, ou de um "não sei o quê" de razões que a razão por teimosia não autoriza. Cega-nos as histórias de brisas do coração construidas no silêncio, nas suas assoalhadas, sem portas, mas com janelas a espreitar numa tarde de sol em que só lhe apetecia namorar com a vida.

1 comentário:

Anónimo disse...

Parece que a primavera anda aí...
O amor, talvés a palavra mais dita e nunca maldita, mas que nos aflige quando dita e não dita, nos mexe e remexe a alma e pelos vistos à vista também é um ponto de referencia inigual para cada ser tal como a relatividade de Einstein. Não há formula quimica quando a quimica de um cruzar comum une o que a relatividade não processa, de encontro a um ponto de fuga em dimensões que encontra o palatino veludo e exige existir sabor impossivel de realizar, nunca antes salto trampolitico usaramos experimentar:
o amor...
TRS