22 de maio de 2008

Olhando-me Nas Palavras

Viver assim, numa sombra sugestiva do desejo,
um paraíso no caminho para terminar a noite.
Uma voz abre-se sobre o sonho
e a magia olha-nos outra vez, com espaço.
neste céu as sombras aproximam-se mas não atravessam o vidro,
os olhos são pérolas e o diamante é uma flor.
O cego viu a cena e desenhou-a na sua mente.
- Não poderei abrir-me assim outra vez, disse.
Os limites são extremamente devastados quando não existem,
e o fogo ressurge de si.
Entre as árvores encontras-te o corpo
ali,
entre gritos e medos,
entre corridas e ventos,
sumindo no fulgor do verão.
Adiante!
Submergindo do despertar.
Caminhar pela cidade,
cruzar o sol que brilha por si mesmo,
nublado pelo brilho e pela suavidade,
da voz, ficar parado e ouvir...
Nesse instante a alma desarma o sentimento
e rende-se ao silêncio.
Frente a frente olham-se
no momento só existe respiração
Agitam-se sonham por dentro.
Olham...
Existe a necessidade de expressar sem palavras...
Apoiam-se, baixam as pálpebras com os polegares.
Com os lábios fechados sussurram...
-Não sei onde está a tua voz.
Perdi-me no sorriso, comecei a sentir.
Perdi-me no sorriso, comecei a bambolear...
Com a mão na cara,
boca tapada, dos lábios saía:
-Sente, sonha.
Uma voz desenha as formas do tempo
para mim
desarma as palavras
o vento desfila ardente, e o ardor perde-se
quando toca a pele
Voará
e descobrirá o véu dos olhos com vícios cansados
Falará
sobre as folhas mortas que descansam
Dormirá
procurando a frequência da fala
Dançará
procurando o ar que enche o corpo.
Recreará
as mãos floridas do tempo
saudando a solidão do fantasma desprovido de medo
Choverá
olhos que não sejam de carpir
O vermelho
que dissuade os corpos famintos
Calará
os gestos incongruente que saem do centro
á dor fecham-se os olhos, para se ver o corpo
resplendor do ar que germina dos versos.
Sem deixar de ver as pálpebras fechadas
Sonhar com dormir, procurando o outro lado...
e vou
enrolada nos raios de sol.
Sussurrar ao ar para despertar
poder voar
reinventando águas para abrir o mar
navegando nas constelações rompendo a normalidade do silêncio
festejo
incerteza de olhos molhados
respeito ao medo, aborrecendo na distancia
declaro não ter piedade fechando as pálpebras
e vejo o corpo
Resplendor
ar que germina os versos sem deixar
olhos fechados
sonhar com dormir, procurando a consumição
entre as mãos
arte de falar, o ar, a voz,
a palavra que se desmorona de harmonia,
reluz o corpo cansado,
viciado de ver passar a pele,
as mãos não têm dedos, as unhas não têm pele
nada importa neste lugar,
a glória não engloba vestígios normais,
a noite persiste (o sol) tarda em amanhecer
reina a obscuridade,
a interrupção de ser parte sem necessidade
de ver aqui a distância,
como entender sem uma imagem, sem um guia?,
Não há despertares sem que se tenha dormido,
o ar soa, o rio ressoa,
algo submergido na imortalidade da palavra,
a imagem sem par é a essência o que contextualiza a cena,
a efervescência, a fúria incandescente, o fervor incómodo,
tudo sempre a ponto de estalar,
reprimindo o movimento do corpo criminalizando a fricção,
institucionalizando o negro como falta de cor...
o lugar da luz ao serviço do mundo,
uma vez mais
o fogo ilumina ao despertar assinalando o vício,
a fragilidade desespera e nada espera,
o cansaço, cansa,
a ida, a ideia, a volta,
a revolta nua da cortesia conjugando verbos,
acção inventiva, imagem ao serviço da fala, criação,
à espera de uma canção, inocência selvagem,
a inconsciência na rua,
despertando da viagem para despir o sol,
enamorados do verbo,
o amanhecer anunciado em palavras, sentenciando em paredes,
a ilusão, a força, a cor e a destreza,
fascinação sobrevoando cabeças,
paixão, busca de promessa, convicção desigual por alcançar a meta
fundindo o fogo em todos os fogos,
celebrando o vento
no amor das palavras.

1 comentário:

Anónimo disse...

Si hay una certeza presente y presunida de dios, es que somos metefisicos enamorados, enarbolados del verbo, que terrenaliza de un modo sutil y voraz, casi como fundirse en el cosmos, para que jamas volvamos a atraparnos

besos
jez