8 de junho de 2008

Chega-te a Mim e Deixa-te Estar

Não é verdade que as pessoas de família marquem presença constante nos retratos. Nem que gostem de nós ou nos conheçam.
E, por vezes, são os outros quem nos ensinam a aprender, deixando de perguntar porquê. parecem ter perdido, por entre um comboio de gestos, os pequenos nada que nos dão lume por dentro e nos iluminam. E são ainda elas que, um dia, como uma avalanche, há-de resvalar sobre o nosso coração.
Na verdade o mundo interior não divíde as pessoas entre as estranhas e a família. Mas entre os viajantes e os aventureiros, os arquitectos do nosso coração e os alquimistas.
Os viajantes e os aventureiros são pessoas que nos surpreendem de passagem. São como pirilampos que nos dão uma luz e, de seguida, nos desassombram com outra decepção.
Os arquitectos do nosso coração rasgam avenidas ou desvendam planaltos. E guiam-nos. trazem consigo as revoluções tranquilas que acrescentam outros lugares aos pontos cardeais.
Os alquimistas desconcertam mais. Abrem persianas na nossa alma, dão-lhes sol e transforman--nos para sempre. (Peço-vos que não me perguntem onde fica a alma, porque não sei. Mas, como sabem, dá jeito imaginar um "lugar ao sul" que defina o mais fundo de nós e que não tem definição). Como se não bastasse, os alquimistas percebem que aquilo que distingue as "boas prendas" "dos presentes" são os laços. E nunca nos perguntam se estamos tristes ou aflitos.
Antes nos dizem:
"Chega-te a mim... e deixa-te estar."

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